Senador Nelsinho Trad propõe reunião no Parlasul para esclarecer suspeitas de irregularidades nas eleições da Venezuela e participa da audiência da Comissão de Relações Exteriores no Senado sobre o tema
Parlamentar de MS quer posicionamento do Brasil e questiona o por quê do Observatório da Democracia não ter sido convocado para acompanhar o processo eleitoral venezuelano
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, afirmou que vai pedir à Mesa Diretora do Parlasul uma reunião sobre suspeitas de irregularidades nas eleições presidenciais da Venezuela, realizadas em 28 de julho de 2024. O próximo encontro do Parlasul está previsto para o dia 19. Nesta quinta-feira (15), a Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal já promoveu audiência pública sobre o processo eleitoral daquele país e o parlamentar sul-mato-grossense cobrou respostas. “Quem não deve não teme, está claro que as atas não vão aparecer. E o Brasil, que tem relações comerciais e emprestou dinheiro para investimentos no país? E agora? Haverá uma medida mais dura com a democracia em cheque? Qual o recado que vamos passar? Volto a perguntar: O Brasil vai tomar uma posição mais firme?”, questionou o senador Nelsinho Trad ao assessor especial para assuntos internacionais do governo, Celso Amorim.
Convocado para prestar esclarecimentos sobre a posição do Brasil em relação à crise política na Venezuela, Amorim disse que o governo brasileiro só vai reconhecer o resultado da votação após a publicação dos documentos que confirmam os totais de votos para cada candidato. “O Brasil não reconhecerá um presidente que não esteja fundado nas atas”, afirmou o diplomata.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, o presidente Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato com 51,95% dos votos. O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, recebeu 43,18%. A Organização dos Estados Americanos (OEA), os Estados Unidos e a União Europeia não reconhecem o resultado e pedem a divulgação das atas eleitorais.
Ultimato dos senadores de MS
A audiência da CRE foi proposta pela senadora Tereza Cristina (PP/MS) por entender que houve “um quadro absurdamente antidemocrático” na Venezuela. Já o senador Nelsinho Trad trabalha com autoridades internacionais para impedir qualquer irregularidade eleitoral. Segundo ele, causa estranheza que o Observatório da Democracia do nosso Parlamento do Mercosul não tenha sido convidado para acompanhar o processo como já foi antes. “Temos o Observatório da Democracia que funciona, acompanhou dezenas de eleições, mas não foi convidado para acompanhar este processo. Outros tradicionais observadores internacionais, como a OEA e a Fundação Carter, destacaram falhas no processo e suspeitam de irregularidades. Causa estranheza a falta de acesso às atas eleitorais. Como representantes da democracia no Mercosul, apoiamos um ambiente de paz e diálogo,” comentou o senador Nelsinho Trad.
No debate do Parlasul, entre os convidados, estão o embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vicente Vadell Aquino, e a líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado, e o candidato à presidência nas eleições venezuelanas Edmundo Gonzalez. As suspeitas de irregularidades nas eleições venezuelanas têm potencial para impactar significativamente as relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Venezuela. Segundo o senador Nelsinho Trad, é fundamental que “o Parlasul, como órgão representativo, se envolva ativamente no esclarecimento dos fatos, garantindo que o processo eleitoral na Venezuela seja conduzido de forma transparente e justa. Nosso papel é garantir que as informações cheguem de forma clara e que todas as partes envolvidas tenham a oportunidade de se manifestar”.