O senador Nelsinho Trad (PSD/MS) falou hoje (21), durante entrevista para o programa Tribuna Livre, da Capital FM, sobre sua preocupação pelo Brasil não estar inserido na aliança global de 40 países para o desenvolvimento de vacina ou remédios contra o Covid-19. “Vou procurar o Itamaraty e o ministro Ernesto Araújo, com quem sempre tive bom relacionamento, para inserir o Brasil no projeto”, afirmou Nelsinho, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
A OMS (Organização Mundial da Saúde), em conjunto com governos e entidades privadas, lançou no final de abril a plataforma ACT Accelerator, projeto de cooperação internacional para facilitar o acesso global a novos remédios e kits de testagem.
“Estados Unidos, Brasil, Rússia e Índia infelizmente não fazem parte, e já no primeiro evento, no início deste mês, foram arrecadados cerca de R$ 45 bilhões para desenvolver ferramentas de combate ao novo coronavírus em tempo, escala e acesso recordes. Já levei este tema para discussão na sessão remota do Senado, tive apoio dos demais parlamentares, e vou procurar o Itamaraty para que sejamos incluídos”, destacou o senador.
Segundo o parlamentar, ao longo das últimas décadas, o Brasil se consagrou como um dos principais promotores das discussões de acesso a medicamentos, e agora não está sentado à mesa. “Nunca fomos de fazer oposição, principalmente à OMS, temos exemplos como o protagonismo do Brasil na criação da Central Internacional para a Compra de Medicamentos contra a aids, malária e tuberculose, e na questão dos medicamentos genéricos. O grupo de excluídos é liderado pelos Estados Unidos, que brigou com a OMS”, criticou.
O senador também fez um alerta: “Esse grupo vai acabar descobrindo o remédio, a vacina, o anticorpo para atuar frente ao Covid e vamos ficar lá para o final da fila, sendo que hoje somos o terceiro país com maior numero de casos no mundo. Isso preocupa muito. Capacidade nós temos, com instituições e cientistas renomados”.
Ministério da Saúde
Questionado pelo entrevistador Marcos Faria sobre a situação do Ministério da Saúde, que atualmente está em ministro, o senador foi enfático. “Um comentário precisa ser feito. Não era momento de tirar ministro, nos estamos no meio de uma guerra sem precedentes na história do nosso país. Mas enfim, trocou, colocou outro ministro que não aguentou ficar nem um mês, e agora está interinamente um militar. Ele tem experiência administrativa, mas não tem expertise relacionada às ações da saúde. E isso faz muita falta”, afirmou.
Nelsinho Trad ressaltou que é necessário que um médico esteja à frente da pasta. “Apesar do Ministério ter seu corpo técnico, capacitado, é preciso ter na linha de frente um médico. O próprio presidente Jair Bolsonaro já disse que não ia inventar a roda, que ia colocar engenheiro na Infraestrutura, e médico pra ficar a frente da Saúde. Não é corporativo, mas nada mais sensato, em um momento como este, colocar alguém que fez um juramento na busca do alívio e sofrimento, na busca da cura, um profissional que esta no front, combatendo no dia a dia as doenças, e não alguém alheio a esta questão”, finalizou.