Novo acidente na BR-163 reacende debate sobre duplicação; Senador Nelsinho Trad cobra ações imediatas
CCR MSVia arrecadou mais de R$ 229 milhões em pedágios em 2024, mas rodovia segue perigosa; parlamentar sul-mato-grossense pressiona no Senado por infraestrutura e segurança
A BR-163, um dos principais eixos de escoamento da produção de Mato Grosso do Sul, voltou a ser cenário de tragédia na última quarta-feira (12). Um grave acidente no trecho de Bandeirantes resultou na morte de uma pessoa e deixou outras três feridas. A colisão – envolvendo um caminhão, uma carreta e uma utilitária – escancarou novamente o problema crônico da BR: a falta de duplicação e a insegurança para os motoristas.
No Senado, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) reforçou sua cobrança por soluções definitivas para a BR-163 e pela apuração de responsabilidades sobre os acidentes. O parlamentar tem sido a principal voz de MS por melhorias na infraestrutura dentro do Congresso Nacional para garantir que a duplicação finalmente saia do papel.
“Chega de tragédias na BR-163! Os motoristas pagam pedágios altíssimos e, em troca, enfrentam pistas perigosas, trechos abandonados e um número crescente de acidentes. Já cobrei providências da ANTT e da concessionária e sigo a cobrança. Quem arrecadou mais de R$ 229 milhões em pedágios só no último ano tem obrigação de entregar uma rodovia segura e duplicada”, declarou senador Nelsinho.
Duplicação travada e cobrança no Senado
Apesar da promessa de duplicação no contrato de concessão, apenas 17% da obra foi entregue. Em meio a reclamações e acidentes, a CCR MSVia conseguiu, no final de 2024, um novo acordo com o governo federal para reequilibrar o contrato. A previsão é que a rodovia passe por um novo leilão, mas, até lá, os motoristas seguem pagando tarifas elevadas e convivendo com riscos diários.
Para garantir que o tema avance de fato, Nelsinho Trad tem adotado uma estratégia de fiscalização e pressão legislativa. O senador apresentou um requerimento de audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado para debater a repactuação da concessão e cobrar transparência sobre os investimentos previstos. No documento, ele solicitou esclarecimentos da ANTT, da CCR MSVia e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os prazos e metas para a duplicação da rodovia.
Além disso, o parlamentar protocolou um pedido de criação de uma Comissão Temporária Externa para acompanhar de perto as condições da BR-163 e garantir a implementação das melhorias prometidas, além de fiscalizar o cumprimento do novo contrato e garantir que as medidas de segurança saiam do papel.
“Tem gente que critica e diz que parlamentar só fala e não faz. Mas o que mais posso fazer além de pressionar, fiscalizar e cobrar quem tem a obrigação de executar? O governo federal, a concessionária e a ANTT têm responsabilidade direta nisso. E o meu papel é garantir que essas cobranças sejam ouvidas e transformadas em ação. O Plenário do Senado volta agora e essa será uma das primeiras pautas que vou retomar”, destacou.
Rodovia perigosa: os números da BR-163
A BR-163 corta Mato Grosso do Sul de Norte a Sul, sendo uma das principais vias de transporte de grãos e carne bovina. Mas, nos últimos anos, sua precariedade se tornou um problema nacional.
📌 Arrecadação milionária – A CCR MSVia arrecadou R$ 229,2 milhões em pedágios apenas em 2024, mesmo sem cumprir a duplicação prevista no contrato.
📌 Acidentes constantes – Nos últimos meses, a rodovia registrou uma série de colisões fatais, incluindo o acidente mais recente em Bandeirantes. Em 2024, ocorreram 785 acidentes na BR-163, resultando em 63 mortes, o maior índice desde 2017
📌 Duplicação atrasada – Apenas 150 dos 847 quilômetros do trecho concedido foram duplicados, o que representa 17% da obra concluída
📌 Reequilíbrio do contrato – Após a repactuação aprovada pelo TCU, a expectativa é que a rodovia passe por um novo leilão. A ANTT lançou edital de processo competitivo no fim de janeiro, após as cobranças feitas pelo senador Nelsinho Trad. Os investimentos previstos envolvem aproximadamente R$ 9,9 bilhões em infraestrutura e R$ 7,156 bilhões em custos operacionais ao longo do contrato, considerando a base monetária de janeiro de 2022.
“Mato Grosso do Sul tem o maior crescimento econômico do país previsto para 2025, mas não adianta ter produção forte sem infraestrutura. O que queremos é o básico: uma rodovia segura para quem trabalha e movimenta a economia do estado”, finalizou o senador.
Com o retorno das atividades no Congresso, a pressão por respostas sobre a BR-163 deve ganhar novos capítulos. Enquanto isso, motoristas seguem enfrentando riscos diários em uma rodovia que deveria estar duplicada há anos.